O Carimbó é um rítmo amazônico, típico do Estado do Pará, que nasceu das mãos calejadas e dos pés descalços dos agricultores. Mas é no nordeste paraense que está concentrada a grande maioria dos grupos de carimbó do Estado, especialmente no Município de Marapanim, onde existem aproximadamente 40 grupos.
Marapanim é conhecida internacionalmente como o berço do carimbó, pois, segundo o historiador Agripino da Conceição, foi em terra marapaniense que nasceu o Carimbó, especificamente na comunidade de Maranhãozinho e de lá se expandindo por todas as demais comunidades.
O Carimbó é uma das manifestações culturais mais relevante da cultura do Município e sua influência é visível no cotidiano marapaniense, seja nas festividades religiosas, no esporte, nas festas comunitárias, nos aniversários, nas praias, nos encontros familiares e principalmente nos grandes festivais realizados na Sede do Município e nas demais comunidades interioranas, com a participação de vários grupos locais e de outros municípios vizinhos.
Do Tupi, Korimbó, veio a primeira denominação do tambor que daria nome a essa importante manifestação da cultura paraense, principalmente no nosso Município Marapanim. Junção de curi (pau oco) e m’bó (furado, escavado), traduzido por (pau que produz som), ao longo do tempo, foi adaptado e/ou transformado em curimbó, corimbó e carimbó.
Inicialmente, o termo carimbó definia o instrumento principal dos batuques e zimbas, termos que historicamente eram usados e em alguns lugares ainda é, como referência as folganças típicas de segmentos das camadas populares, notadamente identificadas pela presença de instrumentos percutidos, tal como as festas de carimbó. Um tambor feito de um tronco escavado e encoberto com couro de animal onde o tocador ou batedor, sentado sobre o corpo do instrumento produz um som grave e constante que dita o ritmo e a dança do carimbó. Atualmente, esse termo é associado mais às festas, às músicas e às coreografias características e tradicionalmente reproduzidas nas regiões do Nordeste do Estado do Pará.
Apresentado como resultado da reunião das influências culturais dos índios, dos negros e dos europeus (portugueses), o carimbó é comumente divulgado como uma das mais significativas formas de expressão da identidade paraense e brasileira, já que suas referências estão presentes, de forma integrada, no canto, na música, na dança e na formação instrumental. Desta maneira, alguns estudos apontam a influência indígena na dança em formato de roda em alguns instrumentos de percussão como as MARACAS. No batuque (síncopes, contrapontos e polirritmias), na aceleração do ritmo e no molejo da dança, a influência do negro. E, por fim, na dança em pares ou mesmo individual com gestos, palmas e estalar de dedos, além dos padrões melódicos e harmônicos, a influência ibérica. Nesta configuração, passou a ser comum a associação do carimbó aos emblemas e ícones identitários de promoção cultural.
Historicamente o carimbó se apresenta como uma manifestação cultural que congrega um conjunto de práticas sociais festivas seculares e religiosas incorporadas no cotidiano das populações interioranas do Pará. Estas práticas são musicada, cantada, dançada e produzidas nos contextos de trabalho e lazer dos seus reprodutores.
Informações coletadas pelo inventário do carimbó, das fontes documentais, bibliográficas e principalmente, das entrevistas dão conta de que a manifestação está, tradicionalmente, associada às celebrações festivo-religiosas em homenagem a santos padroeiros, notadamente aqueles cultuados por antigas irmandades negras, como as de São Benedito. Ao longo do tempo, o carimbó se espraiou e, atualmente, é praticado em uma extensa área do estado Pará que vai da fronteira com o Amapá até as proximidades do Estado do Maranhão. Na região do Baixo Amazonas, no município de Santarém, há referências históricas desta manifestação com alguns grupos atualmente, em atividade. Nesse sentido, sobretudo na região do Salgado paraense ocorre a maior incidência de grupos e festejos de carimbó no Estado.
A configuração musical de cada grupo é recorrente, um conjunto de tocadores divididos entre instrumentos de percussão e de sopro, que produzem uma sonoridade vibrante e bastante característica. Segundo alguns antigos tocadores, as batidas dos tambores de tão graves, alertavam as vilas vizinhas, convidando os moradores para o encontro. Além desses, os conjuntos de carimbó pau e corda – como são identificados os grupos que, tradicionalmente marcadamente artesanal – fazem uso de um par ou mais de maracas confeccionadas com cabeças contendo milho, esferas de aço, sementes, pedrinhas arredondadas ou demais materiais que possibilitem a sonoridade desejada. O milheiro, feito com uma lata de zinco ou alumínio preenchida com milho. O Banjo feito artesanalmente com madeiras da região, , fundos de panela (para a caixa de ressonância), disco de vinil, cordas fabricadas ou linhas de pesca (nylon). Além de dar a sustentação harmônica, o banjo também tem função percussiva.
Entre os instrumentos de sopro (flauta, clarinete, saxofone), a flauta artesanal é o instrumento de madeira mais antigo. Alguns grupos ainda fazem o uso de outros instrumentos como o pandeiro, os pauzinhos (para a marcação, tocado sobre o corpo do carimbó), reco-reco, triângulo, o tambor-onça (uma espécie de ancestral da cuíca) e o rufo ( instrumento semelhante ao tarol, feito artesanalmente).
A dança do carimbó possui características peculiares nas diferentes localidades, no entanto é executada seguindo a tradição de dança circular impulsionada pela marcação dos curimbós. Dançado em pares (sem contato físico) ou individualmente, os gestos dos dançarinos (com o corpo curvado para frente) remetem ao cortejo que conduz a dançarina, ambos seguindo com passos miúdos perfazendo discretos saltos. Neste aspecto, o cortejo, o jogo da conquista e outros gestos podem ser visualizados em danças que reproduzem os movimentos de animais da fauna regional. No repertório das danças tradicionais do carimbó, a do PERU DO ATALAIA, do JACARÉ, da ONÇA e etc.